ATA DA DÉCIMA
QUINTA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA,
EM 03.05.1988.
Aos três dias do mês de maio do ano de
mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Quarta Sessão
Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada à
entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Nilton Waldemar Stock,
concedido através do Projeto de Resolução n° 19/87 (proc. n° 1447/87). Às
dezessete horas e vinte e quatro minutos, constatada a existência de “quorum”,
a Srª Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada
a conduzirem a Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a
MESA: Verª Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre,
presidindo os trabalhos; Sr. Nilton Waldemar Stock, Homenageado; Srª Dione Nasi
Stock, esposa do Homenageado; Srª Adolfina Stock, Mãe do Homenageado; Ver.
Issac Ainhorn, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A
seguir, a Srª Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome
da Casa. O Ver. Aranha Filho, em nome da Bancada do PFL, falou sobre as
diversas atividades do Sr. Nilton Waldemar Stock, ligadas ao desenvolvimento e
divulgação do esporte e da cultura no Estado. Ressaltou, em especial, a
participação de S.Sa. na criação e continuidade do TEDUT, Terminal Dutra de
Tramandaí, o qual possibilita um veraneio sadio e positivo aos que buscam o descanso
naquela praia. E o Ver. Issac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT, PMDB e PDS,
comentou a dedicação do Homenageado ao esporte amador, lendo correspondência
recebida de S.Sa., em que são solicitadas providências quanto à colocação de
tabuleiros de dama na Praça XV. Declarou-se gratificado com a presente
solenidade, dizendo ser ela o reconhecimento de Porto Alegre ao desportista e
jornalista que continua em plena atividade, levando adiante o esporte na
Capital. Após, a Sr.ª Presidente convidou o Ver. Issac Ainhorn a proceder à
entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Nilton Waldemar Stock.
Em continuidade, a Srª Presidente concedeu a palavra ao Dep. Est. Joaquim
Moncks, que saudou o Homenageado. A seguir, a Srª Presidente convidou o Ver. Aranha
Filho a proceder à entrega do Troféu “Frade de Pedra” ao Sr. Nilton Waldemar
Stock e concedeu a palavra a S.Sa., que agradeceu a presente solenidade. Em
prosseguimento, a Srª Presidente fez pronunciamento alusivo ao evento, convidou
as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e,
nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e doze
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Verª Gladis Mantelli e
secretariados pelo Ver. Issac Ainhorn, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Isaac
Ainhorn, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1° Secretária.
A SRA. PRESIDENTE: Declaro aberta a presente
Sessão. Falarão em nome da Casa os Vereadores Isaac Ainhorn, autor da
proposição, e o Ver. Aranha Filho.
Concedemos a palavra ao Ver. Aranha Filho, que fala em nome de sua
Bancada, o PFL.
O SR. ARANHA FILHO: (Menciona os componentes da
Mesa.) Senhoras e senhores.
Na praia de Capão da Canoa, entre os muitos oásis, há
uma tenda diferente que une o útil ao agradável, no lazer de jogos de damas,
xadrez, futebol de botão, pinogol e vôlei. A PETROBRÁS, através da Refinaria
Alberto Pasqualini, montou sua TEDUT (Terminal Dutra de Tramandaí), que
alimenta os espíritos por meio de sua biblioteca. No descanso, não se deve
esquecer o lado intelectual. Torna-se fácil conviver com Sidney Sheldon, John
Steinbeck, Agatha Christie ou com escritores nacionais como Cyro Martins,
Moacyr Scliar, Jorge Amado, Ignácio Loyola de Brandão, Mário Quintana, Josué
Guimarães e tantos outros. Há, também, completa e bem escolhida biblioteca
infantil, para retirar-se até três livros - dois adultos e um infantil - por
três dias. Não há muita formalidade, basta mostrar algum documento, a carteira
de estudante ou outro semelhante.
Isto foi o que escrevi em fevereiro deste ano no jornalzinho, um jornal
da Associação Comunitária de Capão da Canoa, a qual presido. E nós lançamos
três edições do “Faroleiro”, e lá nós fizemos uma reportagem sobre o TEDUT de
Capão. Exatamente o que li, agora, eu havia escrito no nosso jornal, mas era
recheado com algumas fotografias, também.
E hoje com satisfação posso afirmar que o TEDUT, a Tenda do Lazer da
PETROBRÁS, se confunde com a sua própria mola mestra, Nilton Waldemar Stock,
daqui a pouco Cidadão Emérito de Porto Alegre. Modesto, quando explicava o
funcionamento da TEDUT, Nilton Waldemar Stock lembrava Abraão Aspis, outro que
recebeu o mesmo título que hoje se entrega a ele, e a quem chamam de maior
responsável pela organização existente naquela e outras idênticas tendas,
espalhadas pela orla do Atlântico, em tempo de verão.
Desportista de mão cheia, comunitário de coração, Nilton Waldemar Stock
nasceu em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1927. Trabalhou até aposentar-se
numa única firma, Ferragem “A Fortaleza”, e nela, com toda a certeza, adquiriu
sua fortaleza de ânimo para ser jornalista, desportista, lançador de livros,
coordenador de competições, fundador de associações, federações e
confederações.
Lembro desta empresa, na medida em que recordo que meu pai foi um dos
“habitues” daquela casa. E na medida em que visitava Nilton Waldemar, na TEDUT
de Capão da Canoa, junto com minha esposa e cunhada, revisando, eu lembrando
justamente daquela casa, Ferragem Fortaleza, ela contava de quem era filha e de
quem era neta. E nesse exato momento Nilton Waldemar perguntava a ela como ia a
sua vó, no caso, hoje bisavó das minhas filhas. Respondeu: “Está na praia
embaixo dos guarda-sóis”, e ele imediatamente pediu que o substituíssem e fomos
até o nosso guarda-sol. E ali as recordações vieram de imediato.
E foi exatamente assim, de um lado um relacionado fraterno do meu pai
e, de outro, do lado da minha esposa. E hoje estamos aqui a homenagear Nilton
Waldemar Stock.
Campeão e promotor de torneios, campeonatos e olimpíadas de damas,
Nilton foi várias vezes o alicerce de muitos movimentos em prol do esporte e,
no período de 1966 a 1967, foi presidente do Departamento de Jogos de Damas de
Porto Alegre e chegou a ser Assessor Especial da Vice-Presidência Pan-Americana
para assuntos desses jogos.
Além da TEDUT, a quem dedica todo o seu verão, Nilton Waldemar Stock é
protetor e defensor das Artes. Fez parte das Diretorias do Grêmio Literário
Castro Alves, da Casa do Poeta Rio-Grandense, onde participou, ativamente, de
todas as grandes promoções de suas entidades e integrou o Conselho de Curadores
da Academia Porto-Alegrense de Letras, tendo planejado e lançado vários livros.
Apaixonado por tudo quanto envolva a comunidade onde atua, Nilton Stock é, sem
dúvida, um milagre de capacidade de trabalho e de paixão por tudo quanto faz e
realiza.
Em todas as suas atividades, o novo Cidadão Emérito de Porto Alegre
deixa, indelével, a marca de sua operosidade e de seu talento. Depois de
amanhã, Nilton Waldemar Stock completa sessenta anos, dos quais grande parcela
dedicada aos outros com desprendimento e vontade de servir.
Receba, pois, meu caro Nilton, este Título que lhe é outorgado pela
Cidade de Porto Alegre, através de sua representação que é a Câmara, e leve uma
certeza: através de sua intensa vida, de seu amor pelas causas que abraça, pode
dizer-se, sem medo de errar, que, em todos seus múltiplos afazeres, sempre
houve devotamento e brilho inexcedíveis.
Meus cumprimentos, meu caro amigo Nilton Waldemar Stock. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver.
Isaac Ainhorn, proponente desta Sessão, que falará em nome das Bancadas do PDT,
PMDB e PDS.
O SR. ISAAC AINHORN: (Menciona os componentes da
Mesa.) Minhas senhoras e meus senhores.
Esta tarde chuvosa, já prenunciando o rigor do inverno dos pampas,
aqui, na Estância da Harmonia, onde Porto Alegre deu os seus primeiros passos,
e hoje Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, dentro dessa mesma Estância da
Harmonia, a Cidade de Porto Alegre presta homenagem ao porto-alegrense querido
e estimado, reconhecendo o seu trabalho e, na sua ação, o mérito, para receber
a outorga de Cidadão Emérito de Porto Alegre. A Câmara Municipal de Porto
Alegre desenvolve trabalhos de variada natureza. Ela tem uma natureza
legislativa, de apreciação de Projetos de Lei de iniciativa dos Vereadores, com
mais de duzentos anos de existência. Ela, ao lado disso, desenvolve todo um
trabalho de propostas aos Vereadores, de proposições e de fiscalização dos atos
do Poder Executivo. Ela tem, dentro da sua atividade, e é uma Casa que já
dobrou os 200 anos, o direito de homenagear aqueles que, de uma maneira ou de
outra, têm a sua história inscrita na nossa Cidade, na mui leal e valerosa
Cidade de Porto Alegre. A Câmara de Vereadores tem duas espécies de títulos: um
para aqueles que não são nascidos em Porto Alegre, o título de Cidadão de Porto
Alegre. O outro para aqueles que são nascidos em Porto Alegre e que, de uma
maneira ou outra, prestam serviços relevantes a esta Cidade, como é o caso do
Nilton, que é filho de Porto Alegre e que recebe, hoje, através da
representação popular, o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. E este
título foi conferido ao Nilton por votação realizada aqui nesta Casa, pela
unanimidade dos Vereadores que compõem as Bancadas de todos os partidos
políticos com assento aqui. Eu não preciso dizer a vocês quem é Nilton Stock. O
meu conhecimento pessoal do Nilton é um conhecimento do período em que eu
iniciei o meu mandato aqui nesta Casa, quando o Prefeito Collares assumiu a
Prefeitura de Porto Alegre. Pois foi também numa manhã fria e gelada, de um sábado,
em que estávamos eu, o Abraão Aspis, o Nilton e mais um punhado de gaúchos -
uma manhã tão fria, que precisávamos usar ponchos, palas e sobretudos - a
inaugurar a reimplantação daquela modesta torre de petróleo que se encontra lá
na Praça da Alfândega, que os gamistas conhecem, que eu conheci o Nilton. Essa
torre era uma homenagem àqueles que tombaram na luta pelo monopólio estatal do
petróleo. Essa torre foi erguida, na década de 60, por um grupo de estudantes,
na época do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, e dentre este punhado de
estudantes, eu me encontrava. Era um jovem, iniciando o ginásio, lá naquele
Colégio Júlio de Castilhos, no início da década de 60. Pois, por estas coisas
que acontecem na vida dos países e como monumentos e símbolos sempre causam
temor às autoridades, nos que estão no poder, e por estas injunções, a torre
foi arrancada da praça, a torre de petróleo, cerca de 17 anos atrás foi
retirada e recolocada em meados de 86, lá, numa manhã fria, que alguns
presentes lembram. Depois da inauguração da torre, nós incluímos no calendário
da promoção de inauguração da torre um campeonato de damas, que era organizado
pelo Nilton Stock. E a sua história, a sua dedicação, a sua atenção ao esporte,
a cada uma daquelas pessoas que vão ali descansar a cabeça, arejar um pouco, é
sempre de estender a mão amiga, o conselho amigo do Nilton. Eu tenho aqui um
bilhete dele, de 2 anos atrás, nos meus registros: “Ao Vereador Isaac Ainhorn,
a SMAM resolveu mudar a colocação das mesas de dama, por solicitação do estande
de revistas que a PETROBRÁS doou; talvez tivesse sido melhor que a PETROBRÁS,
ou a Federação, fosse ouvida e tudo seria mais democrático. Há 25 anos batalho
na área esportiva e todos recorrem, os damistas, a mim. Falei com o Eng. Vitor
e ele falou que pode se arrumar novos locais na Redenção também. Entretanto,
poderíamos fazer algo especial, de aspecto turístico, de bom gosto, e único no
Brasil, escolhendo novo local para mesas de damas com alterações que posso
sugerir”. Esse é, na sua configuração, no seu dia-a-dia, um homem que auxilia o
próximo e procura, sem emprego sem nada, apenas pelo espírito de lazer e de
construir, colaborar com a sua Cidade, com o esporte e o lazer na sua Cidade. O
orador que me antecedeu referia o seu currículo de jornalista, de esportista
que recusou, inclusive, a condição de Presidente da Conferência Brasileira de
Damas, anos atrás, na sua simplicidade, na sua humildade que todos nós
conhecemos. Este é o Nilton que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre presta
homenagem. De muitos anos, trago aqui uma de suas crônicas tradicionais do
“Correio do Povo”, na sua coluna “Xadrez ou Damas”. E ele dizia, o Nilton:
transformar o cético num entusiasta é lugar comum onde se reúnem adeptos do
esporte de xadrez ou damas, principalmente. Esses grupos, isoladamente, lutam
por um mesmo ideal, qual seja, ver seu esporte favorito implantado no ensino
colegial, como matéria auxiliar, dado entenderem que, praticado dentro dos mais
nobres princípios, é altamente recomendável ao desenvolvimento do nosso
raciocínio. E vejam os senhores a beleza disso, numa época em que o nosso
ensino se transformou, Deputado Moncks, em cruzinhas, no desaparecimento
completo do raciocínio. O Nilton, na sua Coluna, há muitos anos, já propunha
que se implantasse como currículo auxiliar, como matéria auxiliar dentro do
currículo das escolas de 1º e 2º Graus, a dama ou o xadrez, com que objetivo?
Para uma coisa que infelizmente não se pratica mais, para o desenvolvimento do
raciocínio. Eu vejo isto e sinto isto no meu filho de 6 anos de idade que,
inquieto, pede sempre para aprender dama ou xadrez e está lá mexendo no
tabuleiro, nas pedras, quer de dama, quer de xadrez. Eu deixo esta Casa daqui
mais uns dias porque nós temos eleições - e eleições fazem bem para o processo
democrático - e estou deixando aqui um Projeto de Lei que inclui como
disciplina auxiliar, como matéria auxiliar, nas escolas municipais, o ensino da
dama e do xadrez. Aliás, é uma das minhas carências, não jogar xadrez, porque
nas escolas não consta do currículo. E eu acho que também faz parte, não só do
lazer, mas fundamentalmente para nossas crianças em relação a uma juventude
carente em termos de desenvolvimento de raciocínio. E foi exatamente em cima de
uma sugestão que eu extraí de uma crônica do Nilton Stock. Esta é a figura a
quem, hoje, a Câmara Municipal de Porto Alegre rende sua homenagem, em última
análise, a Cidade de Porto Alegre, porque o que leva exatamente alguém a
receber o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, que é um galardão, é uma
homenagem de reconhecimento à contribuição que esta pessoa tenha dado a esta
Cidade. E como proponente e autor do Projeto que conferiu ao Nilton Stock o
Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, nós nos sentimos plenamente
gratificados na medida em que seu trabalho, sua dedicação a Porto Alegre se
manifestam através do seu trabalho jornalístico, através da sua dedicação ao
lazer e a nossa Cidade, através de todo trabalho desportivo que o Nilton
continua e teima em realizar nos mais diversos pontos da nossa Cidade. Por tudo
isto, hoje a festa é em homenagem ao Nilton Stock, que recebe por merecimento,
por mérito, por reconhecimento da sua Cidade o Título de Cidadão Emérito de
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Isaac
Ainhorn, proponente desta homenagem, que entregue o Diploma de Título
Honorífico de Cidadão Emérito a Nilton Waldemar Stock e convido também a que
todos os presentes assistam de pé esta entrega.
(É feita entrega do Título.) ( Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE: Quebrando um pouco o
protocolo desta Casa, já que esta Sessão seria uma Sessão muito íntima e muito
calorosa, o nosso homenageado está solicitando que a Casa permita que o Dep.
Joaquim Moncks faça uso da palavra. Eu tenho absoluta certeza de que falo
também em nome do Ver. Isaac Ainhorn que V. Exa. pode fazer uso da palavra, na
nossa tribuna, para homenagear o nosso homenageado, o que nos dará um grande
prazer.
O SR. JOAQUIM MONCKS: Caríssima amiga Verª Gladis
Mantelli, 1ª Secretária desta colenda Câmara e que neste ato, com a
responsabilidade da Presidência, com a sua graça permanente preside esta Casa;
meu caríssimo Ver. Aranha Filho, antecessor desta tribuna; meu caríssimo Ver.
Isaac Ainhorn, Srs. Vereadores desta colenda Casa, familiares de Nilton Stock,
damistas, esportistas de todas as matizes, meus senhores, minhas senhoras, meu
fraterno amigo Nilton Stock.
A vida reserva alegrias e uma delas é participar da intimidade desta
Casa que representa Porto Alegre por sua representatividade, permitir-me, a
Vereadora-Presidente, poder referir algumas palavras a esse homem que conheço
há muitos anos, e não o faço na efemeridade da condição de político, mas faço,
isto sim, como pessoa, como partícipe do movimento cultural do Estado, como seu
companheiro de Diretoria do Grêmio Literário Castro Alves e da Casa do Poeta
Rio-Grandense. Foi lá, nos altos do Mercado Público, que conheci Nilton
Waldemar Stock. Quando em 1977, provindos do interior, chegávamos batendo às
portas da Casa do Poeta Rio-Grandense para, num mecanismo muito humano, muito
fraterno, conviver com os meus irmãos de poesia, encontrava lá essa figura
rica, de uma densidade humana muito profunda, que sempre tinha uma palavra de
estímulo para os moços, para os jovens iniciantes nas letras, e de uma
humildade que por certo impressionava o moço que batia às portas da Casa do
Poeta Rio-Grandense e que trazia consigo, aos borbotões, a idéia de ver sua
poesia, de ver suas idéias impressas no papel ou, eventualmente, a declamação nos
encontros do Restaurante Dona Maria, nos últimos sábados de cada mês,
patrocinados pelo Grêmio Literário Castro Alves, ou nos primeiros sábados de
cada mês, como é da tradição de Porto Alegre há mais de 30 anos, os
companheiros da CAPORI – Casa do Poeta Rio-Grandense. Nilton nunca se assumiu
poeta, sempre dizia que era uma pessoa que procurava ajudar de todas as formas.
Devemos, o Movimento Cultural do Estado, movimento de profundas raízes
populares, ao Nilton Waldemar Stock, a editoração de várias obras,
principalmente, ao que me lembro, de uma das coletâneas do Grêmio Literário
Castro Alves, se não me engano a coletânea relativa aos 20 anos do Grêmio
Literário Castro Alves, que eu sei, Nilton Waldemar Stock auxiliou inclusive
pecuniariamente, tirando do seu bolso, para aqueles que não podiam pagar a
editoração, porque, lamentavelmente, num país onde a cultura não é encarada
como bem de primeira necessidade e em um país onde a estrutura socioeconômica e
política, tristemente, são dados de 1980 que parecem que, ao contrário de se
alterarem favoravelmente, ainda continuam na mesma linha, quiçá para menos.
Viana Moog, escritor do Rio Grande do Sul, de saudosa memória, da Academia
Brasileira de Letras, liberava em junho de 1980, dizendo que somente 0,8% da população
brasileira tem acesso à cultura. Cerca de 1 milhão de pastores de 129 milhões
de ovelhas dizíamos, nós, quando abríamos a Feira do Livro de Cruz Alta,
naquele ano, a convite do então Prefeito Schmidt.
Esses papos, essas intimidades, essas coisas que povoam os espíritos
daqueles que se doam em uma entrega permanente ao seu irmão, eram a tônica da
Casa do Poeta Rio-Grandense nas sessões de estudos literários. E Nilton
Waldemar Stock, que eu via desde o primeiro momento como criatura profundamente
comprometida com o social, eis que companheiro de Washington na FRACAB. E o via
seguidamente partícipe nos Conselhos Comunitários, não somente como
desportista, mas alguém que se preocupava em fazer do esporte como bem disseram
os meus antecessores, em particular o Ver. Isaac Ainhorn, não somente o lazer,
mas, exatamente, esta proposta em fazendo o jogo de damas conseguir com que os
nossos filhos, os nossos jovens, conseguissem raciocinar com mais agudeza, com
mais sagacidade. Eram estas as preocupações do homenageado de hoje, do
fraterníssimo amigo dos poetas, dos cantores, dos contistas, dos cronistas de
raízes populares, esperando chegar a ter casa cheia, procurando palco para
jogarem as suas idéias nos domínios da comunidade, encontravam em Nilton Stock
um mecenas do século XX. Por isso, nesta oportunidade, Sra. Presidente, honrado
por me conceder, quebrando o protocolo, a palavra, trago, ao meu irmão Nilton
Stock, o apreço, os agradecimentos, as homenagens, os louvores ao
Vereador-Proponente Isaac Ainhorn, pela sabedoria, pela prudência da escolha do
nome de Nilton Waldemar Stock para figurar na galeria de cidadãos eméritos da
leal e valerosa Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A Câmara Municipal presta
também uma homenagem entregando o troféu chamado “Frade de Pedra”, quando faz a
entrega desta escultura que, para ela, traduz o apreço da população
porto-alegrense a todas as pessoas que de alguma forma prestaram serviços à
comunidade da Capital gaúcha. A escultura de um cavalo preso a um frade de
pedra historicamente traduz a hospitalidade rio-grandense. Eis o motivo pelo
qual foi escolhido o frade de pedra, pois ele é o símbolo da fraternidade, uma
vez que representa boas-vindas. É no sentido de resgatar a amizade e ao mesmo
tempo deixar na lembrança das pessoas que o recebem o carinho e o agradecimento
pelo tempo de trabalho dedicado a nossa Cidade.
Eu convido o Ver. Aranha Filho para entregar a Troféu “Frade de Pedra”
ao nosso homenageado.
(O Ver. Aranha Filho faz a entrega.) (Palmas.)
A seguir, concedemos a palavra ao nosso homenageado, Sr. Nilton
Waldemar Stock.
O SR. NILTON WALDEMAR STOCK:
Exma. Sra.
Verª e muito querida Gladis Mantelli. Este é, em verdade, um instante de muita
alegria, quando recebo da Câmara de Vereadores de minha Cidade o Título de
Cidadão Emérito, como reconhecimento espontâneo desta Casa aos que trabalham de
forma amadorista, quer em grupo ou isoladamente, com determinado objetivo, mas
das mais diversas áreas, impulsionando a comunidade a melhor viver, está-se
refletindo na população, com aspectos bastante positivos.
Entretanto, aquele que se dedica com afinco passa a ter uma existência
repleta de contrastes. Sente-se feliz em colaborar com o próximo, embora muitas
vezes prive sua família de momentos de lazer.
E nas passagens de minha vida conheci um cidadão, o esportista Abraão
Aspis, um homem incansável na busca de muitas metas, e novas. Para comemorar a
recolocação da Torre de Petróleo, em comum acordo com o Ver. Isaac Ainhorn, na
Praça da Alfândega, ele imaginou uma competição de forma massificada, onde
participava todo o povo. Hoje, este sistema de torneio é feito em muitos
lugares, Maranhão, São Lourenço, Caxambu, em Minas Gerais. É modelo nacional,
copiado por muitas prefeituras de outros estados. Neste momento, aos sábados,
se realiza na cidade de Caxambu, pelo Prefeito.
Nessa mesma ocasião tive o prazer de conhecer este operoso Ver. Isaac
Ainhorn, autor da proposição que motiva esta solenidade. Foi um prazer. E
durante a vida sempre pratiquei aquela filosofia de conduzir a minha
participação direcionada ao aglutinamento das massas.
Os acontecimentos foram se sucedendo, levando para uma área e outra,
seja fundando uma federação gaúcha, da qual está aqui hoje o Sr. 1º Presidente,
Sr. Ari, a Confederação Brasileira de Tenistas, participando do evento de
estado e nacional, trazendo para o Rio Grande do Sul, na época, o título de
Estado Pioneiro de Jogos de Dama Escolar. Isto numa época em que três estados
discutiam para serem pioneiros em dama escolar. A Secretaria da Educação me
pediu que fosse lá para discutir o assunto, fui e trouxe para o Rio Grande do
Sul, apenas para discutir.
Na área cultural, colaborei com projetos da Casa do Poeta, já frisado,
e na Academia Porto-Alegrense de Letras. Coletâneas e integração, e nessa
integração participaram 17 Estados.
Na área social fui um dos fundadores da Confederação Nacional das
Associações de Moradores, a CONAM, na cidade de São Paulo.
Colaborei, também, na fundação de outras Associações de Moradores, a
Associação dos Moradores do Passo da Areia, levei os estatutos na Vila Passo da
Mangueira, estou relembrando fatos históricos.
Em determinada época ocupei o cargo de Vice-Presidente da FRACAB,
quando o grande mérito na época consistia em conquistarmos as reivindicações
pleiteadas, porque naquela época lá não se aceitava a intervenção política. Não
sei se, hoje, isto está certo.
No término desta solenidade, quando retornar ao cotidiano, ao normal,
terei plena consciência que redobradas serão as minhas responsabilidades.
Era o que eu tinha para dizer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Compete à Presidência da
Casa, para dar encerramento à Sessão, dirigir algumas palavras às pessoas
presentes e, em particular, ao homenageado.
Só tenho uma crítica a fazer ao Ver. Isaac Ainhorn: é ter escolhido mal
a data da entrega do título. Poderíamos ter esperado mais dois dias e termos
comemorado os 61 anos do nosso homenageado. Acho que faríamos uma festa bonita
e faríamos uma dupla homenagem.
Esta Casa se sentiria, realmente, muito satisfeita em poder estar junto
com Nilton Stock no dia do seu aniversário e, nesta oportunidade, lhe entregar
o título de Cidadão Emérito da Cidade. Mas, de qualquer maneira, sinta-se
cumprimentado pelo seu aniversário. Acho que esta Casa sempre tem sua falhas e
seus defeitos, é lógico, porque é formada de homens e de mulheres que cometem
os seus erros e seus acertos. E que bom que sempre nós temos alguém, algum de
nós 33 Vereadores, que se lembra que alguém nesta Cidade, anonimamente, faz um
trabalho por ela. E quando traz a este Plenário deixa ou tira do anonimato
alguém, não do anonimato de toda Cidade, mas do anonimato mais coletivo.
Que bom dizer, nesta oportunidade, que essa pessoa não é anônima, chega
não só a ação de alguns, mas como o coração de alguns.
Eu sempre digo que é fundamental, na vida, que as pessoas façam coisas
com amor. E, hoje, o que nós vimos aqui pelos oradores que usaram desta
tribuna, é que o nosso homenageado, mais que um trabalho à coletividade, ele
faz um trabalho com amor. E esta é a razão que, para mim, é importante que ele
receba o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.
Esta Casa sente-se honrada em poder oferecer esse Título a Nilton
Stock. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h12min.)
* * * * *